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23 de outubro de 2025

Puerto Plata é uma das cidades mais fascinantes da República Dominicana, um destino que combina o charme colonial com a vitalidade caribenha, o mar turquesa com as montanhas verdejantes.

O nome, que significa “porto de prata”, foi dado por Cristóvão Colombo em 1493, impressionado pelo reflexo prateado que o sol projetava sobre as águas. Desde então, esta cidade na costa norte da ilha manteve uma alma dupla: de um lado, o porto animado, há séculos ponto de encontro de viajantes e comerciantes; do outro, o coração antigo, onde o tempo parece ter parado entre casas coloridas em tons pastéis, varandas entalhadas e música que flutua no ar.

Quem chega a Puerto Plata é recebido por um cenário natural extraordinário. Atrás da cidade ergue-se o Monte Isabel de Torres, uma elevação verde que atinge 800 metros e observa silenciosamente o porto e o oceano. No topo encontra-se uma grande estátua do Cristo Redentor, uma réplica em miniatura da de Rio de Janeiro, acessível por um teleférico panorâmico.

A viagem de teleférico, única no Caribe, é por si só uma experiência inesquecível: em poucos minutos passa-se do calor tropical da costa à brisa fresca dos jardins botânicos que cercam o cume. Do alto, o olhar abarca toda a cidade, o porto e a vastidão do mar que se perde no horizonte. É um daqueles lugares onde natureza e espiritualidade parecem se fundir, e onde até o visitante mais distraído se entrega a um instante de silêncio.

Na parte baixa, a cidade se desenvolve ao redor do Parque Independencia, o coração pulsante do centro histórico. As ruas próximas são repletas de construções de madeira em estilo vitoriano, com fachadas esculpidas e persianas pintadas em tons suaves — um legado do século XIX, quando Puerto Plata viveu um período de prosperidade graças ao comércio e às relações com a Europa.

Hoje, caminhando pela Calle Duarte ou pela Calle Beller, sente-se uma atmosfera de outros tempos. Cafés, lojinhas e ateliês artesanais se alternam com pequenas galerias de arte e casas transformadas em restaurantes. Em alguns pátios internos, os sons da bachata e do merengue se misturam ao rumor dos passos, lembrando que aqui a música é uma linguagem cotidiana.

Um dos símbolos da cidade é a Fortaleza San Felipe, a construção militar mais antiga da costa norte. Erguida no século XVI para proteger o porto dos ataques de piratas, conserva ainda hoje a imponência de suas muralhas de pedra coralina e os canhões voltados para o mar.

No interior, há um pequeno museu dedicado à história colonial, mas a verdadeira atração é o panorama visto do terraço, que revela a posição estratégica do promontório. Dali, o vento salgado traz o aroma do mar e, nos dias mais claros, a luz parece brincar com as ondas como se fosse prata líquida.

A poucos passos dali se estende o Malecón, o calçadão à beira-mar de Puerto Plata, que acompanha a baía e ganha vida especialmente ao entardecer, quando os pescadores retornam e os moradores se reúnem entre quiosques e bares com música ao vivo.

Na praia, há bares que servem coquetéis de rum e pratos de peixe fresco: lagostas, camarões, filés grelhados ou fritos em massa leve, acompanhados de tostones (fatias fritas de banana-da-terra) e arroz com feijão-preto.

A culinária dominicana é uma fusão de influências espanholas, africanas e caribenhas — e em Puerto Plata mostra sua face mais genuína. Nos mercados encontram-se frutas tropicais de todos os tipos — manga, mamão, goiaba, abacaxi — e especiarias perfumadas que dão cor e sabor a cada prato.

Para quem gosta de compras, a cidade oferece uma oportunidade preciosa: o mercado do âmbar. A República Dominicana é famosa por esse mineral de tons dourados e alaranjados, muitas vezes com fósseis aprisionados em seu interior.

No Museu do Âmbar, localizado em uma casa vitoriana no centro, é possível admirar exemplares raros, alguns com milhões de anos. O âmbar dominicano é considerado um dos mais puros do mundo, e adquirir uma joia ou escultura artesanal é levar consigo um pedaço autêntico desta terra caribenha.

Quem prefere relaxar à beira-mar pode visitar a Playa Dorada, uma faixa de areia clara protegida por um recife de corais que torna as águas calmas e transparentes. É uma praia organizada, com resorts discretos e quiosques cercados por palmeiras, onde o tempo parece desacelerar.

Um pouco mais adiante, a Playa Long Beach é muito apreciada pelos moradores locais, mais selvagem e animada, ideal para quem busca uma atmosfera jovem e vibrante. Os amantes de esportes aquáticos encontram nas proximidades ótimos pontos para mergulho e snorkeling, especialmente em Sosúa e Cabarete, duas localidades famosas pelos recifes coloridos e pelas condições perfeitas para o kitesurf.

Mas Puerto Plata não é apenas mar. O interior oferece uma natureza exuberante e experiências de aventura como as 27 cachoeiras de Damajagua, um sistema de desfiladeiros e piscinas naturais encravado entre as montanhas.

É uma experiência emocionante e encantadora: caminha-se por trilhas na selva, sobe-se o curso d’água e mergulha-se nas quedas cristalinas. Nesse cenário, a floresta tropical revela sua força e beleza mais autênticas, longe dos circuitos turísticos convencionais.

O encanto de Puerto Plata está exatamente nessa variedade: uma cidade onde é possível, em poucas horas, passar do patrimônio colonial à natureza selvagem, do silêncio das alturas à agitação dos mercados, da contemplação do mar ao ritmo dos bares noturnos.

A atmosfera é acolhedora, como só os lugares que preservaram sua identidade conseguem ser. Mesmo quem chega apenas por um dia, talvez durante um cruzeiro, leva consigo a lembrança de uma cidade autêntica, onde cada cor, som e aroma parece contar uma história.

Puerto Plata é um mosaico de contrastes: a pedra antiga da fortaleza contra o azul do mar, o verde da montanha que desce até a areia, a energia da vida cotidiana e a calma de quem observa o horizonte. É uma parada inesquecível, um lugar onde o tempo se mede pelo ritmo do sol e onde a simplicidade se transforma em luxo.

Ao visitá-la, entende-se por que Colombo a chamou assim: não apenas pelo reflexo prateado da água, mas porque, como a prata, sua luz e sua alma permanecem por muito tempo — puras e luminosas.

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Mara Di Dio

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