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18 de setembro de 2025

Quando se fala do Uruguai como destino de praia, é inevitável que o pensamento vá imediatamente para Punta del Este. É a localidade litorânea mais famosa do país, frequentemente comparada a Saint-Tropez ou Miami pelo seu estilo de vida glamouroso, praias cuidadas, mansões luxuosas e vida noturna vibrante.

Situada numa península que divide o Oceano Atlântico do Rio da Prata, Punta del Este tornou-se, ao longo dos anos, um símbolo de sofisticação, elegância e entretenimento internacional. Passear pela Avenida Gorlero, a principal via, significa mergulhar numa atmosfera cosmopolita e sofisticada, entre galerias de arte, bares modernos, casas noturnas e lojas de marcas internacionais. A vida social faz parte integrante da sua identidade: nos meses de verão, a cidade se anima com eventos, concertos, exposições, festas exclusivas e encontros culturais que atraem não apenas a alta sociedade uruguaia e argentina, mas também personalidades do mundo todo.

Entre suas praias mais icônicas, Playa Brava é famosa pela escultura “La Mano”, cinco enormes dedos que emergem da areia e se tornaram símbolo da cidade, enquanto Playa Mansa, no lado do Rio da Prata, oferece águas mais calmas e pores do sol espetaculares. Os bairros residenciais como Beverly Hills e La Barra abrigam mansões de sonho entre pinheiros marítimos e, durante o verão, recebem artistas, políticos, empresários e celebridades. A gastronomia é outro ponto forte: em Punta del Este encontram-se alguns dos melhores restaurantes do país, onde a cozinha tradicional se mistura com influências internacionais. Pratos à base de peixe fresco, cortes de carne grelhada e vinhos locais criam uma oferta culinária à altura das grandes capitais mundiais.

No entanto, existe outro Uruguai, menos brilhante, mas mais autêntico. Um Uruguai que se revela assim que se deixa para trás a vida mundana de Punta del Este e se segue a costa rumo ao leste, acompanhando uma linha de areia e oceano que leva a lugares onde o tempo parece parar, onde a energia é diferente e onde a conexão com a natureza é profunda e sincera. Trata-se de um roteiro costeiro que atravessa algumas das localidades marítimas mais fascinantes e menos conhecidas do país. Uma viagem que oferece ao viajante a oportunidade de descobrir a alma mais selvagem e boêmia do Uruguai.

Um dos lugares mais icônicos e surpreendentes ao longo dessa rota é, sem dúvida, Cabo Polonio. Para chegar lá, é preciso deixar o carro na entrada do parque, perto do pequeno centro de Barra de Valizas, e de lá embarcar em veículos 4×4 especiais que atravessam quilômetros de dunas, florestas costeiras e trilhas arenosas. Já nesse trajeto, entre as vibrações da terra e o silêncio profundo da paisagem, começa-se a perceber a particularidade do lugar. Ao chegar, a vila se apresenta com sua simplicidade desarmante: um punhado de casas baixas, pousadas diretamente na areia, algumas pintadas com cores vibrantes, outras deixadas ao natural, como se tivessem surgido espontaneamente da terra. As praias de Cabo Polonio são parte essencial de sua alma. No lado sul do promontório abre-se Playa Sur, uma extensão de areia dourada banhada por ondas fortes, ideal para surfistas ou simplesmente para quem gosta de se perder em longas caminhadas solitárias. É a praia mais frequentada da vila, mas mesmo nos meses de verão mantém uma aura de tranquilidade, uma liberdade quase primordial. Ali se vem para respirar fundo, deixar-se despentear pelo vento, contemplar o mar em total comunhão com o ambiente.

Do outro lado, no lado norte, está Playa Norte, mais abrigada e íntima, frequentemente escolhida por quem busca um canto menos exposto ou simplesmente deseja um pouco mais de tranquilidade. O mar é ligeiramente mais calmo, e a paisagem se enriquece com os barcos dos pescadores, ancorados ao largo ou puxados para a areia. Ao redor do farol, que se ergue solitário no promontório como um antigo guardião, estendem-se trechos de costa rochosa, onde o oceano se quebra com força e onde é possível observar colônias de lobos-marinhos descansando nas pedras. São umas das maiores da América do Sul, e sua presença confere ao lugar uma dimensão ainda mais selvagem e fascinante. Vê-los de perto, imersos na névoa salgada, é um espetáculo que deixa sem palavras.

Quem tem vontade de aventura pode também se lançar além, pelo percurso que liga Cabo Polonio a Valizas, atravessando dunas gigantes, praias desertas e trechos de vegetação costeira. É uma caminhada de algumas horas, a pé ou a cavalo, que oferece paisagens surreais, silêncios profundos e a sensação concreta de estar completamente imerso em outro tempo. Seguindo rumo ao leste, encontram-se duas localidades muito queridas pelos uruguaios, mas ainda pouco frequentadas pelo turismo internacional: La Paloma e La Pedrera. Situadas a pouca distância uma da outra, essas duas paradas oferecem experiências complementares, capazes de conquistar o coração de quem busca uma viagem relaxante, autêntica e em sintonia com o meio ambiente.

Também La Paloma é uma cidade costeira que mantém uma alma simples, perfeita para quem deseja uma estadia tranquila, com a possibilidade de escolher entre várias praias, cada uma com seu próprio caráter. Playa La Balconada, por exemplo, é uma das mais queridas: fica perto do centro e, graças à sua posição voltada para o oeste, oferece pores do sol deslumbrantes que tingem o céu e o oceano com tons rosados e alaranjados. É o ponto de encontro à noite, onde as pessoas se reúnem para passear, tocar violão, tomar um mate em companhia ou simplesmente assistir ao sol se pôr lentamente no horizonte.

Mais ao norte estende-se Playa Los Botes, um canto ainda ligado à tradição marítima local. Aqui é comum ver pescadores puxando seus barcos para a areia e ajeitando as redes à sombra das árvores. A atmosfera é autêntica, local, quase parada no tempo. Quem busca total calma pode se refugiar em Playa El Cabito, uma praia mais escondida e íntima, perfeita para ler um livro ao som das ondas ou tirar uma soneca à tarde. Movendo-se um pouco para o leste, em direção a La Pedrera, encontram-se outras duas praias que merecem uma parada. La Aguada, ampla e pouco frequentada, é ideal para quem viaja com crianças ou animais e deseja espaços abertos para correr livremente. Ainda mais sugestiva é Playa Anaconda, uma longa faixa de areia dourada batida pelo vento, muito amada pelos surfistas por suas ondas potentes e constantes. Ali se respira uma sensação de espaço e liberdade que convida a caminhar por horas, imerso no perfume do mar e no som do silêncio.

A poucos quilômetros de La Paloma, seguindo a costa entre pinhais e pequenos promontórios, chega-se a La Pedrera, uma vila acolhedora e de charme alternativo. Ali tudo gira em torno da rua principal, que desce em direção ao oceano entre cafés de estilo retrô, ateliês de arte, lojinhas vintage e restaurantes que oferecem pratos criativos com vista para o mar. Ao contrário de La Paloma, mais extensa e familiar, La Pedrera tem uma identidade boêmia bem marcada. No verão, especialmente nos meses de janeiro e fevereiro, a vila se transforma em um pequeno centro pulsante de energia artística e jovem: a música sai das casas, as fogueiras iluminam as noites na praia, e cada canto parece contar uma história. Também aqui o mar é protagonista. A praia mais icônica é Playa del Barco, assim chamada pela presença do casco de um velho barco de pesca encalhado na areia, que com o passar dos anos se tornou símbolo do lugar. A praia é selvagem e livre, com ondas potentes que atraem surfistas experientes e amplos espaços para se estender ao sol sem nunca sentir a necessidade de dividir o espaço com muita gente. Logo ao norte abre-se Playa Desplayado, com areia fina e águas mais calmas, adequada também para famílias ou para quem deseja simplesmente nadar ou descansar em tranquilidade.

A identidade de La Pedrera reflete-se justamente nesse contraste entre a força do oceano e a doçura da vida na vila. A experiência torna-se ainda mais intensa quando se decide caminhar pela costa que separa La Paloma e La Pedrera, uma trilha natural que atravessa dunas cobertas de ervas, pequenas enseadas e pontos panorâmicos de onde se pode admirar o infinito azul do Atlântico. Quem para em La Paloma ou La Pedrera muitas vezes acaba ficando mais tempo do que o previsto. A combinação de natureza intocada, cultura e simplicidade tem um poder magnético.

Mais ao norte, não muito longe da fronteira com o Brasil, está Punta del Diablo, uma vila que parece saída de um conto de fadas. Suas ruas de areia, as casinhas de madeira coloridas, as redes de pesca penduradas nas árvores e os murais desbotados pelo sol contam uma história de vida simples, ligada ao mar e ao vento. Nascida como uma vila de pescadores, Punta del Diablo soube evoluir ao longo dos anos sem nunca perder sua essência. Apesar da crescente presença turística, especialmente nos meses de verão, manteve uma identidade forte. As praias de Punta del Diablo fazem parte integral dessa experiência. No coração da vila encontra-se Playa de los Pescadores, a mais icônica, onde os barcos coloridos descansam na areia e os pescadores ajeitam as redes ao pôr do sol. É uma praia viva, habitada, que preserva todo o charme da vida cotidiana oceânica. Não é raro ver alguém sentado no píer, pescando em silêncio, ou grupos de jovens improvisando partidas de futebol na areia úmida.

Pouco mais adiante abre-se Playa del Rivero, uma baía profunda e sugestiva, muito amada por surfistas e jovens viajantes. Suas ondas constantes e o fundo arenoso a tornam ideal para a prática de esportes aquáticos, mas também para quem deseja simplesmente desfrutar do sol em um ambiente dinâmico, cercado por uma natureza ainda intocada. É ali que, no fim da tarde, se reúnem músicos, artesãos, viajantes solitários: a praia se transforma em um pequeno anfiteatro natural onde as pessoas se encontram, tocam, conversam e observam o céu tornar-se dourado. Se avançar ainda mais ao norte, chega-se a Playa de la Viuda, mais selvagem e silenciosa, frequentemente atingida pelo vento e por ondas altas. É o lugar perfeito para longas caminhadas, meditação e leituras solitárias. Ali, longe dos pontos mais movimentados, percebe-se uma conexão profunda com o oceano: só se ouve o som das ondas, o canto das aves marinhas e, às vezes, o passo lento de um cavalo na areia. Movendo-se para o sul, finalmente chega-se a Playa Grande, que marca o início do Parque Nacional de Santa Teresa, uma das reservas naturais mais belas do país. Essa praia extensa, muitas vezes semi-deserta mesmo no auge do verão, é um verdadeiro paraíso para quem ama caminhar imerso na natureza. Entre areia dourada, águas cristalinas e a vegetação do parque que se aproxima da costa, cada passo oferece uma sensação de liberdade e descoberta.

Voltando para oeste, a poucos quilômetros de Punta del Este, descobre-se outro lado do Uruguai praiano: José Ignacio. Essa antiga vila de pescadores se transformou nas últimas décadas em um dos destinos mais exclusivos do país, mas fez isso com discrição e sofisticação. Ali o luxo não é ostentado, mas integrado à paisagem. As casas são elegantes e harmoniosas, os restaurantes oferecem culinária de altíssimo nível em ambientes íntimos e relaxados, as boutiques vendem peças únicas, artesanais, pensadas para quem busca algo autêntico. José Ignacio é o refúgio de intelectuais, artistas, escritores, arquitetos e viajantes sofisticados que desejam beleza, silêncio e autenticidade. Suas praias são amplas, pouco movimentadas, ideais para longas cavalgadas ou para contemplar o pôr do sol com uma taça de vinho na mão. Ali, cada detalhe é cuidado, mas nunca invasivo. É o lugar perfeito para quem quer desacelerar sem abrir mão do conforto.

O Uruguai, portanto, destaca-se pela sua capacidade de oferecer uma proposta autêntica e diversificada, longe dos excessos e da superpopulação típicos de outras localidades praianas. Aqui, as praias alternam-se entre áreas protegidas, vilarejos tradicionais e realidades turísticas consolidadas, criando um equilíbrio entre natureza, cultura local e serviços. A costa uruguaia é caracterizada por baixa urbanização e um turismo que privilegia a qualidade da experiência e a sustentabilidade ambiental. Isso torna o país particularmente adequado para viajantes que buscam contato direto com o ambiente, espaços abertos e ritmos mais relaxados, sem abrir mão de uma oferta variada que pode ir do surfe à exploração naturalista, do relaxamento ao turismo cultural.

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Giorgia Lombardo

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